PESQUISAS FORAM INICIADAS EM 87


As pesquisas que resultaram no Prothemol foram iniciadas em 1987. Na ocasião, ao assumir pela segunda vez o Governo de Pernambuco, Miguel Arraes deu a sete pesquisadores a missão de encontrar formas de se erradicar a fome e a desnutrição no Estad o. Deste grupo, além de Naíde Teodósio, faziam parte o farmacólogo Antônio Alves, e o hematologista Walter Dimenstein. Este último há 20 anos vinha defendendo o aproveitamento das riquíssimas proteínas existentes no sangue do boi para combater a desnutriç ão. No Brasil, o abate de gado resulta em cerca de 130 milhões de litros de sangue que é descartado e, invariavelmente, vai poluir rios e contaminar esgotos. “São cerca de 88% de proteínas e uma grande quantidade de ferro concentradas apenas nas hemácias” , informa Dimenstain.
Depois de devidamente autorizados pela Comissão de Ética do Centro de Ciências da Saúde da UFPE, os pesquisadores, de outubro de 1990 a fevereiro de 1992, ministraram o Prothemol e o Plasmel aos internos da Creche de Apoio ao Menor, em Cajueir o Seco, município de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife. Esta instituição abrigava um total de 120 crianças de zero a doze anos, 45% das quais desnutridas. Algumas também apresentavam um quadro de carência crônica de vitamina A (si nais cutâneos e dos fâneros). “As demais eram admitidas como normais porque a relação de peso e idade era boa. Isso, no entanto, não quer dizer que não tivessem algum grau de desnutrição”, afirma Naíde.
Em que pese a boa vontade e o empenho da direção da creche, as condições gerais de higiene e infra-estrutura, das residências sobretudo, eram péssimas. As crianças não dispunham sequer de um banheiro. O chão era de terra batida, não tinham cama, colchão ou sandália. Possuíam todo tipo de parasitose que se possa imaginar: piolho, sarna, bicho de pé, larva de mígrans etc. Além dos problemas orgânicos, também apresentavam a síndrome psicopatológica da desnutrição, o que implica em estarem sempre qu ietas, tristes, sem brilho nos olhos. Tão pouco se comunicam entre si ou com os adultos e são indiferentes ao ambiente que as cerca.
Ao mesmo tempo que aplicaram o Prothemol, os pesquisadores propiciaram àquelas crianças assistência médica diária e orientações gerais acerca de cuidados com higiene. Os resultados logo foram surgindo. “Com 15 dias já começaram a se movimentar . Depois de um mês tinham modificado a conduta com relação às pessoas que se dirigiam a elas. Findos três meses estavam exuberantes, alegres e irrequietas. Os exames laboratoriais, de sangue, urina, fezes etc., que fazíamos regularmente, comprovavam que a anemia e a carência de vitamina A haviam desaparecido. Os cabelos agora são sedosos, bem plantados ”, depõe Naíde.




APLICAÇÃO SOFREU INTERRUPÇÃO
DESNUTRIÇÃO TEM QUEDA EM PERNAMBUCO


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