Internautas ganham um tradutor gratuito e made in Pernambuco

por BENIRA MAIA
benira@jc.com.br

Os internautas que engasgam no inglês ganham mais uma aliada para as suas andanças na Rede. Produção genuinamente pernambucana, já está disponível gratuitamente na Internet o Tradutor, projeto de mestrado e doutorado do aluno Hermes Camelo, 24 anos, do Departamento de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A ferramenta, como o próprio nome sugere, faz a tradução de páginas Web do inglês para o português, com a vantagem de que, uma vez configurado o micro para o serviço, não é necessário ficar escrevendo o endereço do Tradutor no browser.

"O Tradutor é tão bom ou melhor do que as ferramentas já existentes", vibra o orientador do projeto, o especialista em linguagens de programação Rafael Lins. O programa é um proxy. Ou seja, está instalado em um servidor do Departamento de Informática (DI) - no caso, o Sparc SunW Ultra-1 e rodando na plataforma Sun OS 5.6. Depois de programado o micro para a porta do servidor, fica estabelecido um link entre o computador do internauta e máquina da UFPE. Assim, a cada cada página visitada, lá estará o ícone do Tradutor.

Para configurar a máquina, basta acessar a página do projeto e dar alguns poucos cliques no mouse, seguindo as orientações do autor do software. "Como o programa não fica gravado no micro, independem o sistema operacional e o browser que o usuário utiliza", afirma Hermes Camelo. O aluno vê ainda outra vantagem de o programa estar somente no servidor: "É possível fazer atualizações e correções permanentes. E de uma forma transparente para o usuário".

CONCORDÂNCIA - O Jornal do Commercio testou a ferramenta, que se mostrou eficaz. Houve página norte-americana, por exemplo, em que o Tradutor foi mais ágil do que o já bastante disseminado programa de tradução oferecido pelo portal Altavista, da Systran. O Tradutor mostra também o tempo do trabalho. Mas, claro, há sempre uns erros de concordância, já típicos dessa espécie de software. "A ferramenta serve para dar uma noção ao usuário leigo que está diante do texto", observa o orientador.

Outro senão - nada agravante :) - é que o link, uma vez instalado, fica sempre à mostra no rodapé da tela, seja a página escrita em inglês, alemão ou até mesmo em português. A conexão com o servidor também pode pregar alguns contratempos para o internauta caso a rede do DI/UFPE fique fora do ar ou com problemas. Se, por acaso, o micro não conseguir ir adiante na navegação, o internauta deve desfazer a conexão com o servidor, desabilitando a opção proxy.

O Tradutor está há poucos dias na Rede, mas já se encontra em sua segunda versão. Na primeira, existiam quase 100 mil verbetes. Hoje é mais compacto: 40 mil verbetes, ocupando quase 10 MB de espaço no servidor. A ferramenta foi desenvolvida na linguagem C e, para colocar todos termos e fazer as concordâncias e as análises gramatical e contextual, Hermes contou com o apoio de mais nove estudantes - de Informática e de Letras.

Hermes lembra que o programa nasceu durante a cadeira de Compilador, quando cursava o sexto período, há sete anos. Inicialmente, contou com o apoio da estudante Karla Dias. "É um projeto de longo prazo, porque sempre se pode melhorar o nível da tradução", comenta o orientador. Um exemplo desse aperfeiçoamento é o dicionário inglês-português, que só entrou no ar semana passada. Hermes planeja ainda dispor de um conjugador verbal, tanto para português e inglês quanto para francês e espanhol.


Jornal do Commercio
Recife - 24.02.99

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Autor: Peter Moon
Data: 08 de maio de 1996
Fonte: Isto É