Assim, a estratégia combina ações e mecanismos de regulação das iniciativas, projetos e investimentos públicos e privados com um conjunto consistente de ações e iniciativas estruturantes e reestruturantes capazes de transformar a organização social e a base econômica de Pernambuco. As ações e mecanismos reguladores devem se concentrar nas dimensões que têm seu desempenho fortemente dependente do comportamento das outras dimensões, particularmente da econômica e da tecnológica.
Estas, precisam de uma ação reguladora associada à dimensão ambiental, para assegurar a conservação e a recuperação do meio ambiente, e à dimensão espacial, para moderar a tendência histórica à concentração econômica e secundariamente demográfica em pontos restritos do território pernambucano, em especial na Região Metropolitana e na Região da Mata.
Nestas dimensões e numa visão de sustentabilidade de longo prazo, o mercado e as regras sociais prevalecentes não asseguram a otimização na alocação e distribuição dos recursos e dos bens e serviços, demandando, portanto, a ação reguladora do Estado, envolvendo entes públicos e representações da sociedade civil.
As ações reguladoras devem ser, portanto, capazes de atuar como indutoras do estilo de desenvolvimento. Por isto, para estas dimensões se definem políticas - entendidas como o conjunto de diretrizes e critérios orientadores das ações dos diversos atores sociais e que têm uma atuação horizontalizada, para serem capazes de influenciar todas as prioridades, programas e projetos da Estratégia de Desenvolvimento Sustentável para Pernambuco.
Por outro lado, as ações estruturantes e reestruturantes, a seguir explicitadas em vetores estratégicos, constituirão o caminho estratégico a ser implementado pela sociedade, para construir o futuro que ela deseja ver transformar-se em realidade: ações que até 2010 definam a possibilidade de ter um PERNAMBUCO - CIDADÃO E COMPETITIVO - CONSTRUÍDO COM BASE NA DIVERSIDADE E NO RESPEITO AO MEIO AMBIENTE. Tais ações foram identificadas, prioritariamente, nas dimensões sócio-cultural, econômica, científico-tecnológica e requerem a implementação de novo arcabouço político-institucional. Pressupõem, por sua vez, novos valores sociais, como o maior respeito aos seres humanos e ao meio ambiente, a maior abertura para a parceria, colaboração e associativismo, além da construção de novos padrões de consumo.
PERNAMBUCO - CIDADÃO E COMPETITIVO - COM BASE NA DIVERSIDADE E COM RESPEITO AO MEIO AMBIENTE é uma construção possível que requer, de saída, a compreensão dos principais problemas e desafios a enfrentar e a identificação das mais relevantes potencialidades do quadro atual, considerando o novo ambiente internacional, nacional e nordestino. Ou seja, requer a definição de metas principais a atingir na cena do final do atual Governo (1988) e na cena do ano 2010.
Assim, todos estes itens precederam a formulação das principais políticas reguladoras e dos mais importantes vetores estratégicos capazes de realizar o Pernambuco desejado pelo seu povo e pelos seus representantes, que esperam, também, contar, nesta construção, com o apoio de outros estados, especialmente do Nordeste, do Governo Federal e de atores externos.
As políticas ambiental e espacial têm como conteúdo central:
Além disso, o mapa indica áreas de oferta de atividades industriais e de serviços a importantes complexos econômicos, a exemplo do futuro eixo Petrolina - Sta. Maria da Boa Vista (foco urbano estratégico do complexo produtor baseado na agricultura irrigada e na agroindústria da região do sub-médio São Francisco e ponto importante de integração do Nordeste Oriental com as áreas dinâmicas do oeste baiano, sul do Maranhão e Piauí e com a regiões Norte (especialmente o Pará) e Centro-Oeste. É o caso, também, da Região Metropolitana do Recife, que deverá se manter como local de atração e desenvolvimento de importantes complexos produtivos e que terá papel central - por localizar em seus limites uma infra-estrutura portuária adequada - na promoção da crescente integração de Pernambuco aos principais fluxos comerciais e de investimentos, externos ao País e à região Nordeste.
Os vetores estratégicos aparecem no gráfico 1, integrando um conjunto de ações capazes de construir o PERNAMBUCO DA CIDADANIA, DA DIVERSIDADE E DA COMPETITIVIDADE, "idéias-força" norteadoras das escolhas atuais e futuras dos atores sociais envolvidos na implementação desta estratégia.
O vetor da CIDADANIA engloba um conjunto de ações a serem objeto de iniciativas, programas e projetos de atores diversos, mas, particularmente, dos agentes públicos. Todas devem buscar fortalecer a cidadania e para isto, promover a universalização dos direitos básicos. Nesta etapa de construção do desenvolvimento sustentável, considera-se fundamental:
Os dois grandes blocos de vetores estão, portanto, intimamente ligados na Estratégia concebida.
O PERNAMBUCO COMPETITIVO, COM BASE NA DIVERSIDADE, pretende ser construído com três grandes conjuntos de ações:
O Estado deve ser fortalecido na sua capacidade de intervenção e, sobretudo, regulação, ao mesmo tempo em que deve aumentar o peso da sociedade civil e das iniciativas não governamentais. Por outro lado, deve-se promover a reestruturação do setor público, com redefinição de papéis e responsabilidades - como forma de elevar sua eficiência e eficácia na implementação de políticas e programas e aumentar a capacidade de investimento e indução governamental - aliada à democratização das instituições públicas e privadas, capaz de assegurar a efetividade da estratégia de desenvolvimento sustentável de Pernambuco.
Os gestores da Estratégia de Desenvolvimento Sustentável para Pernambuco devem organizar e estruturar os processos de negociação, detalhamento, execução e viabilização das diretrizes, prioridades e linhas de ação, definindo formas de gerenciamento das intervenções públicas e privadas e das articulações do Estado com a sociedade. Devem ser capazes de articular as diversas dimensões e as instituições responsáveis pelas mesmas, em sintonia com a concepção do desenvolvimento sustentável e com as novas tendências de organização do Estado e da sociedade.
O objetivo geral a ser perseguido é o da elevação da eficiência, eficácia e efetividade das instituições públicas e privadas de Pernambuco, e a :democratização das instituições e criação de mecanismos de participação da sociedade.
Neste sentido, a organização do sistema institucional adequado à implementação da estratégia de desenvolvimento sustentável deve se orientar pelas seguintes diretrizes:
Fóruns e Conselhos de Participação e Negociação
Os Fóruns que tratam de aspectos gerais do desenvolvimento são de âmbito espacial diferentes:
Fórum de Desenvolvimento Sustentável de Pernambuco
Fóruns de Desenvolvimento Regional
Ao mesmo tempo em que se constituem os grandes Fóruns serão criados quatro Conselhos para tratar de aspectos diferentes da realidade pernambucana, concentrados nas dimensões enfocadas pelo desenvolvimento sustentável:
Conselho da Competitividade
Conselho da Cidadania
Conselho Estadual do Meio Ambiente
Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia
Por outro lado, a nível interno do governo, estadual devem ser criadas três Comissões de Articulação, agrupando as secretarias de acordo com sua afinidade com as dimensões centrais. Desta forma, devem ser criadas as seguintes instâncias:
Comissão Econômica
Comissão de Desenvolvimento da Cidadania
Comissão de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente
Instância mais ampla de negociação do governo com a sociedade em torno das grandes prioridades de desenvolvimento de Pernambuco, deve reunir o governador com representantes do empresariado de diferentes segmentos relevantes (indústria, agricultura, turismo, comércio e sistema financeiro), representantes dos trabalhadores (sindicatos de grandes segmentos econômicos), e representantes de organizações não governamentais relevantes; e
Instâncias deliberativas a serem criadas nas diferentes regiões prioritárias de desenvolvimento, como espaço de negociação dos interesses e perspectivas estaduais e municipais convergentes, compostos de representação das respectivas municipalidades e da sociedade organizada dos municípios constituintes, além da representação do governo do Estado.
Formado por representantes com poder decisório da classe dos empresários, dos trabalhadores, de segmentos profissionais, representantes dos Municípios e das Secretarias de Governo diretamente ligadas ao desenvolvimento econômico (Fazenda; Planejamento; Indústria, Comércio e Turismo; e Agricultura). Deve discutir e negociar as grandes linhas da política econômica do Estado de Pernambuco, como desdobramento do Plano de Desenvolvimento Sustentável. O Conselho pode decidir pela constituição de Câmaras Setoriais vinculadas a diferentes segmentos da dimensão econômica, de acordo com as necessidades e prioridades, ou pela constituição de Câmaras de Integração que busquem articular as ações voltadas à ampliação das vantagens competitivas com os projetos mais importantes para o Estado e com as ações de promoção ao Desenvolvimento em Bases Locais;
Integrado por diferentes conselhos específicos voltados para a área de desenvolvimento social, como Conselho de Educação, Conselho de Saúde, Conselho da Defesa da Criança e do Adolescente, Conselho Estadual da Defesa Social, Conselho Estadual da Habitação, Conselho Estadual da Cultura, Conselho da Ação Social e Conselho de Defesa do Consumidor. O Conselho da Cidadania deve deliberar sobre as políticas e programas de desenvolvimento sócio-cultural (dimensão sócio-cultural) e deve ser composto de representantes dos empresários, dos trabalhadores, dos órgãos de classe envolvidos com educação (incluindo associação de professores e pais), saúde, organizações não governamentais atuantes na área social, e as Secretarias diretamente relacionadas ao segmento social: educação, cultura, saúde, habitação, saneamento, trabalho e ação social, justiça e segurança.
Formado pelas representações dos empresários, dos trabalhadores, das organizações ambientalistas, das universidades e das Secretarias de Governo envolvidas na temática, o conselho deve ser reorientado para deliberar sobre a Política Ambiental e as grandes diretrizes do desenvolvimento sustentável, em vez da atual prerrogativa de órgão para aprovação de projetos de investimentos específicos, sendo presidido, pelo Secretário da SECTMA.
Órgão colegiado composto por representantes dos empresários, das Universidades, da comunidade científica estadual e secretarias de governo diretamente envolvidas com o tema tecnológico, deve deliberar sobre políticas e diretrizes de desenvolvimento científico e tecnológico, assessorando a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia - FACEPE e a Secretaria de Ciência e Tecnologia e Meio Ambiente, responsável pelo fomento à pesquisa e difusão de tecnologias, sendo presidido pelo secretário da SECTMA.
Formada pelas secretarias de Planejamento, Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente; Fazenda; Indústria, Comércio e Turismo; Agricultura; e Transportes, Energia e Comunicação, deve articular as deliberações e atividades voltadas para o desenvolvimento econômico e os investimentos que promovem o dinamismo econômico do Estado;
Formada pelas secretarias de Planejamento; Saúde; Educação; Cultura e Turismo; Trabalho e Ação Social; Segurança; Justiça; Saneamento, Habitação e Obras, deve articular as deliberações e atividades voltadas para a área social e desenvolvimento humano; e
Formada pelos representantes das secretarias de Planejamento, Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente; Saneamento, Habitação e Obras; Indústria, Comércio e Turismo; Agricultura; Transportes, Energia e Comunicação; e Saúde, deve articular as deliberações e atividades voltadas para o desenvolvimento científico e tecnológico e para a conservação do meio ambiente.
3.3.1 Instrumentos Organizacionais
Além destes instrumentos, é importante acrescentar a necessidade geral de programas de capacitação e renovação dos recursos humanos, programas de reestruturação e modernização dos órgão públicos e o estímulo a formas diversas de parceria entre o Estado e a sociedade civil e a iniciativa privada, e entre as diferentes instâncias governamentais.
3.3.2 Instrumentos Fiscais, Financeiros e Creditícios
3.3.3 Negociação e Implementação de Projetos
Esses US$ 2,5 bilhões previstos para a estratégia de desenvolvimento sustentável de Pernambuco, incluem apenas os investimentos públicos nas áreas de sua responsabilidade. Por isto, não foram destacados os vetores voltados diretamente para os investimentos produtivos, a serem fomentados pelo Estado para implementação do setor privado, responsáveis principais pela dinamização dos setores produtivos. A alocação de recursos, também não prevê a possibilidade de empresários privados investirem em projetos de infra-estrutura econômica e, mesmo, social, dentro das regras de concessão do serviço público.
Assim, a viabilização do desenvolvimento sustentável de Pernambuco passa pela associação do poder de alavancagem e transformação dos projetos públicos com a disposição de investimento do setor privado, em atividades produtivas prioritárias.
Desta forma, deve-se agregar a esse montante, a capacidade de poupança privada estadual e a atratividade de investimentos externos nas prioridades econômicas do Estado. Os investimentos privados podem ser estimados, parcialmente, através do cálculo dos principais instrumentos regionais alocados em projetos no Estado de Pernambuco, como apresentado, de forma simplificada no Quadro II. A referida expectativa de investimento se limita aos projetos incentivados por FINOR, FNE e Nordeste Competitivo, do BNDES e considera que os mesmos constituem apenas uma parte dos investimentos totais, na medida em que demandam uma parcela de recursos próprios do empresário.
Como mostra este quadro, pode-se prever um investimento privado total, apenas em projetos incentivados pelos instrumentos regionais de aproximadamente, US$ 757,5 milhões de dólares por ano. Deste volume total de recursos, pouco mais de US$ 500 milhões de dólares devem constituir capital próprio dos empresários, estimulados a investirem em Pernambuco pelas externalidades criadas pelos investimentos públicos referidos antes e pelas condições incentivadas pelos instrumentos financeiros. Parte destes recursos deve se voltar para investimentos de grande porte, fomentados especialmente pelo FINOR e pelo Nordeste Competitivo, sendo os projetos apoiados pelo FNE preferentemente de pequenos e médios empreendimentos.
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US$ | |||
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PROJETOS | |||
I. INFRA-ESTRUTURA ECONÔMICA | |||
1.Ferrovia Transnordestina | |||
2.Duplicação da BR-101 | |||
3.Porto de SUAPE | |||
4.Infra-estrutura de Comunicação e Informática | |||
5.Aeroporto de Petrolina | |||
6.Porto do Recife | |||
7. Malha Rodoviária | |||
8. Trem Urbano | |||
9. Expansão do Metro | |||
10. Eletrificação Rural e Expansão de Transmissão de Energia | |||
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II. INFRA-ESTRUTURA HÍDRICA | |||
1.Adutora do Oeste | |||
2.Perímetro Irrigado do Pontal | |||
3.Perímetro Irrigado Nilo Coelho | |||
4.Projeto CODEVASF | |||
5. Recursos Hídricos (Barramento) | |||
6.Perenização do Ipojuca (Barramento) | |||
7. Sistema Jucazinho | |||
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III. CIDADANIA | |||
1. Melhoramento de Saneamento Básico | |||
2. Melhoramento de Saneamento Básico | |||
3. PROSANEAR - Programa de Saneamento para População de Baixa Renda | |||
4. Abastecimento d'água (várias comunidades) | |||
5. Drenagem do Canal do Ibura | |||
6. Sistema Pirapama | |||
7. Prog.de Desenvolvimento Institucional e Saneamento Básico nos Municípios - DISAM | |||
8.Educação Básica do Nordeste | |||
9.Saúde (Projeto Nordeste II) | |||
10. Implantação de Equipamentos Médicos | |||
11. Projeto de Combate à Pobreza Rural | |||
12. Prog. de Combate à Pobreza e à Fome | |||
  | |||
IV. COMPLEXOS ECONÔMICOS | |||
1. Projeto Guadalupe | |||
2. Revitalização do Bairro do Recife | |||
3. Planta de Hemoderivado | |||
  | |||
V. PROGRAMAS DE CARÁTER ESPACIAL | |||
1. Projeto de Desenvolvimento Sustentávelda Zona da Mata | |||
2. Aproveitamento de Recursos Hídricos para Desenvolvimento do Semi-árido | |||
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TOTAL |
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS | PREVISÃO DE RECURSOS US$ milhões |
INCENTIVOS ALOCADOS EM PE US$ milhões |
CAPITAL PRÓPRIO US$ milhões |
INVESTIMENTO TOTAL US$ milhões |
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FINOR | ||||
FNE | ||||
NE COMPETITIVO | ||||
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TOTAL |
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