Participantes:
César "Bigode" Augusto
Jones "Cabeça" Albuquerque
José Narciso
José "TP" Tepedino
Rogério "CCF" Monteiro
Fevereiro/95
"Antes de comecar, gostaria que vcs observassem que no início de cada capítulo eu coloco o local/data/hora onde foi escrito, pois no meio do texto eu falo de coisas que estão acontecendo naquele momento... ttttpppprrruuuuu :-P ".
A saída, de ônibus, estava prevista para as 19:00h, mas tudo deveria estar pronto pela manhã, pois tínhamos uma entrevista com o pessoal da tv tribuna. Fomos eu, Joa, Tp e Silvio(so pra fazer o H). Foi meio ridículo, mas...
PARÊNTESES: Esse lampião(candeeiro, sei lá) de Joa tá uma porcaria!!! Não enxergo quase nada).
Na parte da tarde tratamos de desmontar as bikes na casa de Joa(a minha e a dele). Haviamos marcado para nos encontrar duas horas antes da partida do ônibus.
Como a minha bike e a de Joa estavam prontas, nos demos ao "luxo" de chegarmos um pouco mais tarde(18:30h), mas o Bigode já estava lá desde as 16:30h!
PEQUENOS PARÊNTESES:
Estou morrendo de sono, os caras já estão deitados e o lampião tá piorando.
FIM PEQUENOS PARÊNTESES
Enquanto Joa desmontava a bicicleta do Bigode, eu e Bigode levávamos o resto da bagagem para o portão 9. Quando descia com a minha bicicleta desmontada tive uma surpresinha: Scheisse(Hanno Regehr) estava lá com o Bigode. Ele foi o único da galera podre que compareceu à saída.
Já eram 19h e nada de Tp e de Narciso. Suspeitamos que Narciso iria farrapar, então tentamos convencer Scheisse de ficar com a passagem restante. Quando terminamos de colocar as bikes embaladas no bagageiro do ônibus, chega Tp e sua bike ainda toda montada. Como a passagem de Narciso estava conosco, ficamos nos revesando, lá em cima da plataforma, pra ele poder entrar. 19:07h e Hanno me chamou pra entrar no ônibus. Hanno também entrou no ônibus, mas ainda estava em dúvida se iria conosco ou se iria descer na sudene(ele ja havia acordado com o motorista). Depois de toda esta agonia, chega Narciso com Capacete, bicicleta e tudo o que tinha direito e ainda fazendo polichinelo na frente do ônibus, pois o ônibus ja estava dando ré para poder partir. Então Scheisse desceu na sudene e nós seguimos viagem naturalmente.
Aproximadamente 6:30h chegamos em Fortaleza, então começamos o ritual de montagem das bicicletas(durou +- 2h).
Rodamos pela cidade em busca de um cartório(problemas de Tp) e de uma loja de bicicletas(Narciso precisava de um bagageiro).
Lanchinho pra cá, lanchinho pra lá, suquinho de laranja(3l pra todos, exceto Narciso). Anda pra lá e pra cá, achamos um ponto pro almoço e nos dividimos pra resolver alguns probleminhas.
Almoçamos e saímos umas duas e pouco, com um destino um tanto incerto. Em princípio iríamos até Prainha.
PARÊNTESES:
O povo cearense é muito atencioso na hora de dar informações, mas dificilmente são certas.
FIM PARÊNTESES
Fomos em direção ao mar seguindo os conselhos dos nativos. Eu me sentia cansado, mas não sabia porquê. Havia uma subidona perto da praia, foi aí que percebi que a minha cela estava baixa(foi aí que começou a melada de cueca). Quaando chegamos ao topo, aproveitei para pedir a Tp pra me ajudar a levantar a cela, enquanto isso, o resto perguntava a outros ciclistas como chegar a essa tal de Prainha, a qual devia estar a uns 20Km de lá.
PARÊNTESES:
Se quiser saber as distâncias exatas fale com TP ou Joa.
FIM PARÊNTESES.
Bom, como eles foram mais rápidos, sairam antes e seguiram rumo a Prainha, a qual segundo informações, tinha um rio no meio do caminho que não podia ser atravessado. O que aconteceu foi que quando eu e Tp descemos a ladeira, não encontramos ninguém e também ninguém havia visto os três ciclistas detonados indo no sentido de Prainha. Ficamos rodando, rodando... perdidos. Isso durou +- 1h e 30min.
Depois encontramos com Joa que tinha voltado, tivemos um leve atrito e tudo voltava ao normal.
Eles já haviam descoberto um barco e tudo ficou bleza.
Chegamos quase escurecendo a tão desejada Prainha e entramos em acordo com o dono de uma daquelas barraconas de praia para dormirmos lá. Em troca, Narciso prometeu o triatlon novinho. Porém, a barracona não tinha energia e nem água encanada. O que nós tínhamos era uma bomba manual de água. Por esses e outros motivos estou eu, quase no escuro, levando picada de maruin pra escrever esta porcaria.
PARÊNTESES
Faz tempo que os outros caras foram dormir e Tp continua "zanzando" pra lá e pra cá...
FIM PARÊNTESES
Pra terminar o dia, lembrei que estava programado pra eu cuidar da minha pereba do joelho hoje à noite, mas nessa escuridão...
ÚLTIMOS PARÊNTESES DO DIA:
Essa pereba eu ganhei na Av. Boa Viagem tres dias atras.
Tp acaba de trazer o seu material de anotacao e colocou em cima da mesa. O louco do Narciso, o qual pensei estar dormindo, chega com a lanterna ligada e fala: "Oi galera do mal." e derruba a garrafa d'agua e ainda fica fazendo sombra.
FIM ÚLTIMO PARÊNTESES
É, já são 21:20h, acho que preciso descansar...
O combinado era acordar às 5:00h e sair às 6:00h. Porém durante a madrugada a chuva aumentou e complicou. Nós dormíamos no "terraço" do barracão, tendo apenas o mar a nossa frente. Quando fomos dormir, choviscava e uma leve brisa zelava por nosso sono. Quando foi de madrugada, acordei-me com a ventania e com uma goteira bem na minha cara. Olhei ao redor e vi as roupas no varal sacodindo, mas nada fiz. Puxei o meu saco de dormir, juntamente com o isolante térmico para um lugar aparentemente seguro da chuva e voltei a dormir. Já ía me esquecendo que coloquei uma mesa virada para evitar alguns pingos ingratos.
Depois de algum tempo, aumentou o vento, aumentou a chuva e começou a molhar tudo. Praticamente todas as roupas estendidas no varal foram ao chão e todos corriam para levar as coisas para dentro do barracão. Eu estava com um frio desgracado, pois estava dormindo apenas de calção dentro do saco.
Após colocarmos tudo, ficou aquele bolo de gente, misturado com bicicleta dentro de um espaço mínimo.
Acho que fui o primeiro a acordar(+-5:30h). Levantei e fui dar uma olhada no mar. Voltei e acordei a galera. Saimos umas sete e pouco pela praia rumo a Cascavel.
Andamos até Iguape pela praia e depois pegamos a pista.
PARENTESES:
Eu e Tp compramos duas latas de leite condensado hoje à noite. Eu
disse: "A gente toma meia hoje e o resto amanha.". Ele parece ter gostado
da idéia. Enquanto ele freneticamente tomava a sua metade, Joa disse:
"Esse negócio vai dar um desarranjo danado.". Instantaneamente ele soltou
a lata e entrou preocupado(estávamos no terraço, deitados nas redes).
Isso já faz umas duas horas e ele ainda não voltou ao normal, nem jantou
e não se levanta da rede.
FIM PARENTESES
Almoçamos em Beberibe em uma churrascaria(Narciso apelou para o dono da churrascaria, pedindo almoço de graça, dizendo que vínhamos de Bogotá e nos dirigíamos a Montevidéo! Bom, comemos bastante e a conta saiu R$20,00 (pelo menos foi mais barato).
Depois de tudo isso, viemos pra cá(praia das Fontes). Chegando aqui, fomos (eu, Bigode e Tp) procurar um local pra dormir e as famosas fontes naturais. Encontramos apenas uma casa(R$20,00) e duas fontes. Depois de banhos, banhos e conversas, resolvemos ficar com a casa. O detalhe é que o "véio" dono da casa fez questão que nós conhecêssemos a casa antes de sabermos o valor do aluguel.
A casa era quase perfeita, geladeira, fogão, etc. Colocamos as bikes na casa e fomos conhecer a lagoa. Fomos eu, Tp e Narciso. Segundo informações, ela ficava por trás das dunas (da nossa casa (quintal) dava pra ver as dunas). Fomos até lá e conseguimos achar o oásis naquele pequeno-grande deserto. Voltamos ao anoitecer.
Chegando em casa, faltava energia e em seguida água (beleza!!). Fomos procurar o jantar nas barraquinhas (vendas) e trouxemos apenas duas latas de leite condensado. Narciso e Bigode foram até Morro Branco olhar o grito de carnaval e comprar o rango (aqui em Fontes não existe queijo). Depois de tomar parte da lata de leite condensado com água, fiquei dormindo na rede, esperando. Umas nove e cacetada chegaram os dois com água, chamy morango, maionese, pão e atum (o meu jantar de ontem tambem foi atum!).
Após toda essa zona, todos foram dormir e eu fiquei aqui, escrevendo essa porcaria, no meio de um monte de resto de comida, tudo sujo (ainda falta água), quase no escuro(com aquele lampião ridículo de Joa outra vez) e morrendo de sede.
PARÊNTESES:
Tive que comer três sanduíches de atum, pois a galera comeu
quitute de boi e, por eu ser semi-vegetariano, tinha obrigação de comer
toda lata de atum com maionese.
FIM PARÊNTESES
Bom, vou dormir, pois já são quase onze e preciso acordar às cinco.
Dormi na rede. Durante a madrugada voltou a energia. Segundo o dono da casa, voltando a energia, voltava a água. Então, Tp vendo a luz acesa, correu para o banheiro para arrear o barro, mas a bomba d'agua estava desligada e...
Acordei às cinco horas e ouvi um barulho dentro da casa. Ainda estava escuro e a luz da sala estava ligada. Levantei-me e vi o Bigode virado arrumando as coisas. Dei um tempo e acordei o resto da galera. Saimos em partes: Narciso primeiro, eu e César depois e Tp e Joa por último. César ficou mais atrás esperando o resto da galera e eu apressei o passo, pois nós saimos umas seis e meia. Na primeira bifurcação peguei informações sobre o melhor caminho pra chegar a Majorlândia. Disseram-me que havia uma atalho por uma estrada de terra, mas também me disseram que Narciso não tinha ido por lá, mesmo assim resolvi pegar o atalho.
PARÊNTESES:
Um cara me disse que o atalho tinha pouco mais de trezentos
metros e o outro disse que tinha uns quatro quilômetros. Fiz a besteira
de acreditar no primeiro, mas no final das contas foi melhor mesmo.
FIM_PARÊNTESES
A minha pergunta era: "Será que Narciso já passou?". Bom, depois de andar solitário um tempo, parei para tomar uma aguinha de côco. Disseram-me que ele ja havia passado a uns vinte minutos! Opa! Tepê passou e eu fui pegar o vácuo dele. Depois de muito tempo, encontramos Narciso, no meio de um monte de caras jogando sinuca, querendo comprar uma melancia. Foi uma parada um tanto demorada. Tomamos até banho por lá (havia uma espécie de caixa d'água com torneira na beira da estrada). Saimos todos, exceto Narciso, e 500m depois já estávamos tomando banho de lagoa. Narciso passou direto e seguiu na frente outra vez. Sairam César e Joa, depois eu e Tp ficou colocando sundown perto da lagoa. Umas 10:30h, num calor danado, vinha eu lutando contra um vento incansável, estava andando cada vez mais devagar quando avisto um pequeno restaurante com algumas bicicletas na frente. Beleza! Eu já estava com fome e cansado. A segunda coisa que avistei foi um cara, igualzinho a Narciso, dormindo numa rede dentro do restaurante! Joa e César já estavam deitados por ali também. Ao meio-dia almoçamos feito animais (como sempre). Demos uma dormida e às 14:00h saimos em direção a um rio de água doce que disseram existir ali perto.
PARÊNTESES:
No restaurante do almoço, Tp foi o último a chegar. Ele veio
recheado de cocô de vaca! Segundo ele, passou um carro e jogou a meleca
em cima dele.
FIM_PARÊNTESES
Chegando ao rio (riacho) de águas escuras, tomamos banho com a molecada.
Daí em diante só paramos em um posto de gasolina e seguimos pra cá (Aracati). O final do passeio de hoje foi bem puxado, andamos uns 15Km com uma média próxima dos 30Km/h (isso é muito, considerando que no total andamos 75Km).
Chegando em Aracati, depois de procurar muito, encontramos uma pousada barata (R$5,00 cada).
Tomamos aquele banho revitalizante e saimos pra conhecer a noite de Aracati. Tomamos algumas cervejas e Narciso deu um show de forro.
PARÊNTESES
Tp achou pouco as mercadorias da vaca e completou: "Precisamos
mandar um projeto pra sudene pra colocar ar condicionado no Nordeste".
"Alguém precisa ficar pedalando pra servir de ventilador manual, a noite
toda".
FIM_PARÊNTESES
A pousada que nós estamos fica na frente da rodoviária. Um calor desgraçado está fazendo aqui. Estamos divididos em dois quartos: Narciso e Joa em um e o resto no outro. Os caras estão querendo dormir e eu com essa luz acesa (já são 22:34h), e o pior é que eu perdi no par ou ímpar com Tp e vou ter que dormir com o Bigode na cama de casal!