Núcleo SOFTEX Recife: não dá mais para esperar, 98 é o ano de exportar!
Frevo, maracatu, caboclinhos, coco-de-roda, ciranda, software. Isso mesmo! Pernambuco com cara de software. 98 é o ano da exportação, pelo menos no que depender da sinergia entre o Núcleo-SOFTEX Recife, o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR), o Programa de Incubação de Empresas de Base Tecnológica do Estado de Pernambuco (Incubatep), o Recife BEAT (base local do GENESIS) e somado a todo este grupo, a disciplina Empreendedor em Informática. Só para se ter uma idéia, o saldo deste time, no ano passado, foi a formação de 15 empresas desenvolvedoras de softwares.
O governo do Estado, a prefeitura da cidade e empresas privadas estão engajados nesta luta. Mais do que a certeza de ver concretizado o resultado deste "esforço", o diretor do Núcleo-SOFTEX Recife, Claudio Marinho, assume o compromisso de acabar com a idéia de incubação e sair em busca de financiamento para as empresas. "Não podemos criar condição de subsídio eterno porque, dessa forma, também não se cria o clima organizacional para competir", enfatiza Marinho.
É um processo de maturação longo. As quatro empresas desenvolvedoras de software do Núcleo-SOFTEX Recife estão engatilhadas no comércio exterior, especialmente nos Estados Unidos e Europa. A briga pelo mercado já dura mais de quatro anos. "Eu quero fazer o inquilino se mandar para encarar o mundo lá fora. As empresas precisam ser "despejadas" de forma festiva com champagne e caviar na comemoração", brinca Marinho. Chegou-se a conclusão de que não adianta financiar o desenvolvimento de software. A missão do SOFTEX Recife, para este ano, é investir em bons planos de negócios captando recursos para eles.
Mas tudo não é tão simples assim. Marinho é audacioso, cheio de grandes idéias, sobretudo com os "pés no chão" e trabalha com perspectivas futuras. Faz planejamentos e até previsões. O paraibano "cabra da peste" é natural de Patos, cidade do sertão do Estado, mas sente-se pernambucano de coração. É tanto que, para Claudio Marinho, a indústria de software deve estar diretamente associada ao movimento cultural nascente em Pernambuco. "Software é mais que engenharia, é design. Design é arte e nisso a gente dá um show. No mercado global, significa ser competitivo quem tem qualidade local incorporada aos seus produtos", explica Marinho que acredita verdadeiramente neste lema.
A idéia é essa: Pernambuco é o lugar de morar, brincar, passear e trabalhar. O cenário traçado por Marinho para 2007 refere-se a um conjunto de idéias que desembocam nesta afirmação. Numa visão otimista, vai existir um panorama de competitividade sistêmica em que haverá um entendimento político-empresarial com escala e qualidade para o mercado mundial. 98 é o ano de terminar o que está pendente. 99 é ano de ajustes. "Precisamos trazer recurso qualificado para trabalhar na cidade, gerando novos empregos para os que estão aqui e aqueles que vêm de fora. Essa é a estratégia! ".
Não fosse o problema da falta de investimentos, as empresas brasileiras do setor já teriam, certamente, invadido o mercado internacional de software com maior facilidade. O governo federal vem desenvolvendo ações conjuntas com o BNDES, FINEP, BNB entre outros órgãos, no sentido de incentivar a produção de micro e pequenas empresas no país. Mas isso não é tudo! O Núcleo SOFTEX Recife juntamente com o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) também estão engajados num projeto cuja missão fundamental é buscar financiamento para os desenvolvedores de softwares.
Mãos-à-obra: Mouse nas mãos e vamos lá para a idéia do projeto. Em princípio, cogitou-se: SOFTEX Recife S.A - Editora de software classe mundial. Numa segunda conversa, foi sugerido SOFTEX Nordeste S.A. Após uma reunião e adesão dos Núcleos SOFTEX Brasília, Campinas, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador e Campina Grande a entidade privada passou a ser chamada de SOFTEX S.A. O grupo, que começa a trabalhar neste primeiro semestre de 98, objetiva buscar financiamentos com agentes privados (bancos de investimento, capitalistas de risco) e com agências de desenvolvimento (Sudene, BNB, BNDES) .
No mercado americano, a atuação acontece através de uma nova empresa editora/distribuidora que sucederá a SCS (Southern Cross Software) - uma empresa americana da Sociedade SOFTEX que hoje funciona na Flórida, e passará para a Califórnia. A SOFTEX S.A e a sucessora da SCS serão de propriedade dos núcleos (quatro do Nordeste, Brasília, Porto Alegre e Campinas).
Já o mercado europeu, segundo Marinho, trabalha com parcerias. Por este motivo, ações específicas estão sendo desenvolvidas pelo Núlceo-SOFTEX Recife para fortalecer o laço. Em março próximo, especialistas no mercado europeu de software, do Grupo de Coimbra da União Européia, estarão visitando a capital pernambucana. No mesmo mês, três empresas deste núcleo têm participação garantida na CEBIT/98 que acontece em Hannover, na Alemanha. Quem está intermediando os contatos na Europa é o consultor Paul Ducker, que foi contratado por um período de três meses, para prestar consultoria e agendamento de contatos, naquele mercado, às empresas do Núcleo-SOFTEX Recife. "Com essas articulações estaremos possibilitando a formação de novas empresas, criando novos produtos e assim, poderemos invadir os mercados nacional e internacional deste setor", acredita Marinho.