Pernambuco vai à luta por investimentos na área de informática

"Delta do Capibaribe" é um dos muitos adjetivos que Pernambuco vem capitalizando por ser o maior pólo de informática do Nordeste e o terceiro do país. Para a economia do estado, a indústria de bits e bytes representa 1% do PIB - Produto Interno Bruto. Mas, para aumentar ainda mais este número e se consolidar como essencial à economia nordestina, o setor de informática necessita de mais pesquisas, conhecimento e, principalmente, recursos.

Entre as alternativas apresentadas por quem entende do assunto está a adaptação das regras do FINOR - Fundo de Investimento do Nordeste - para o financiamento de empresas da área. A idéia, que já conta com o apoio da Assembléia Legislativa do Estado, é uma das maiores reivindicações dos empresários desta indústria, que desejam ver capital de risco sendo injetados em seus negócios. A medida, porém, ainda esbarra na procuradoria-geral da Sudene, pois o FINOR não se destina ao apoio de serviços, mas sim a projetos físicos como industriais e agrícolas e, produção de software está diretamente ligada à inteligência, cérebro; mecanismos menos concretos.

Apesar dos entraves, a tradição de luta nordestina manda nunca desistir. E, realmente, não há motivos para isso. As expectativas, no que se refere ao estado, são as melhores possíveis. De acordo com o presidente da Comissão Especial de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, deputado Pedro Eugênio, o Nordeste está no mesmo patamar do sudeste asiático no que diz respeito a infra-estrutura de informática, comunicação via Internet e as redes de fibra ótica. "Já somos um importante pólo de informática. Precisamos, agora, é discutir juntamente com o setor público caminhos que levem a promoção da produção de software; uma clara vocação econômica do Estado", declara.

O secretário de Indústria e Comércio de Pernambuco, Sérgio Guerra, diz que a parceria entre o governo estadual, prefeitura e iniciativa privada já tem apresentado resultados. O Fundo de Aval de Financiamento para o Sistema de Informática é um deles. Neste projeto, o Estado injeta dinheiro em instituições financeiras e, estas, por sua vez, financiam as empresas de informática. E, mesmo sem definir o montante e os critérios da operação, o secretário aposta que até março deste ano os empreendedores poderão contar com este incentivo para expandir os seus promissores "impérios". "O governo estadual e o poder municipal estão atentos ao potencial de Pernambuco. Temos conversado permanentemente com as pessoas ligadas ao setor e estudado caminhos para viabilizar os investimentos necessários", explica.

Outros frutos da parceria, apontados por Guerra, são a instalação da Fábrica de Empreendimentos no departamento de Informática da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e o Programa de Relacionamento do Empresariado com Bancos Brasileiros de Tecnologia.

Fábrica de Empreendimentos - Não foi por acaso que a UFPE recebeu apoio do setor público e privado, quando decidiu lançar novas bases para seus empreendimentos. Através da construção de um local de execução de projetos em computação para empresas, centro de debates e seminários ligados ao setor, a universidade, que é reconhecida nacionalmente como um centro de excelência na área de informática, irá formalizar o ambiente próprio para realizar seus projetos externos.

A idéia saiu do papel em dezembro/96 e está orçada em R$ 298 mil. A fábrica terá 500 metros quadrados, onde estarão instalados um mini-auditório equipado com computador para projeção e capacidade para 50 pessoas; salas de reunião, laboratórios, parte administrativa, 130 terminais de computador, além do espaço destinado ao Recife BEAT - Base para Empreendimento de Alta Tecnologia - um dos núcleos operacionais do Projeto GENESIS, que conta, atualmente, com seis empresas de produção de software.

Para tornar possível a instalação da fábrica, prevista para o final de fevereiro/98, o CESAR - Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife - que é uma das partes que toca o projeto, está bancando R$ 58 mil, a Sudene participa com R$ 105 mil e a Prefeitura do Recife, Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da UFPE e o Bompreço investiram R$ 30 mil cada um.

Empresariado X Banco - O Programa de Relacionamento do Empresariado com Bancos Brasileiros de Tecnologia nasce com o objetivo de promover novas oportunidades para o setor. A idéia, segundo o secretário Sérgio Guerra, é criar laços sólidos entre os donos do dinheiro e os donos das idéias e, a partir daí, encontrar novos caminhos para que a menção da palavra capital de giro não seja sinônimo de "dor de cabeça" aos que desejam ampliar seus negócios.

Confira o que faz de Pernambuco um pólo tecnológico por excelência

  • Três trabalhos, todos de Pernambuco, representaram o Brasil no Encontro Internacional sobre Internet Inet/97.

  • Rede de comunicação interiorizada. Entre as diversas cidades, Caruaru e Petrolina já contam com o acesso à Internet, à velocidade de 2 a 3 Mbits/s.

  • Um dos três maiores centros tecnológicos do país está no Deptº de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

  • Rede Metropolitana de Alta Velocidade. O projeto, que já está sendo avaliado pelo CNPq, pretende operar a uma velocidade de 155 MBps a 622 MBps.

  • Comdex Las Vegas/97 - 05 empresas do Softex/Recife (PE) estiveram presentes neste evento que reúne a nata do setor tecnológico.

  • Recife é o palco da implantação do primeiro sistema de automação bancária, implantada pelo banco Banorte em 1982.<

  • Também somos pioneiros na rede de acesso gratuito à Internet - Rede Cidadão, criada em 1997.

  • 20 mil internautas, 10 provedores de acesso e uma das maiores velocidades de transmissão.

  • Atualmente, contamos com o complexo industrial de 500 empresas entre produtoras de software, prestadoras de serviços, desenvolvedoras de sistemas e provedoras de acesso a Internet, registrando o faturamento médio anual de R$ 1 bilhão.