Capital de Risco: o combustível necessário para muitas empresas decolarem
Grandes projetos que não saem do papel por falta de dinheiro, empresas sem expansão pela ausência de investimento. Esta é a realidade de muitos empresários, principalmente aqueles ligados ao setor de informática, que contam apenas com a inteligência para oferecer como garantia aos seus credores. O grupo, exatamente por estar ligado ao desenvolvimento de inovações, representa para as instituições financeiras o chamado "tiro no escuro".
Com o objetivo de mudar esta situação "sombria" o BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, juntamente com a SOFTEX - Sociedade Brasileira para a Promoção da Exportação de Software e a Assespro Nacional - Associação de Empresas Brasileiras de Software e Serviços de Informática lançaram, na segunda quinzena de dezembro, o Prosoft - Programa de Apoio ao Setor de Software .
Funcionando como operação piloto, o Prosoft já conta com R$ 30 milhões destinados à "empresas com projetos de alto nível", como faz questão de enfatizar o diretor das Áreas de Operações Industriais I e II do BNDES, Eduardo Rath Fingerl. É ele quem explica todos os detalhes deste Programa, nesta entrevista exclusiva para o Enterprise News.
Enterprise News - Qual é o público alvo do Prosoft e de que maneira os empresários poderão ter acesso a esta linha de crédito?
Eduardo Rath Firgerl - O Prosoft, que está em vigor até 30.06, é dirigido às empresas privadas sediadas no Brasil, cujo controle seja exercido direta ou indiretamente por pessoas físicas domiciliadas e residentes no país. Devem ser produtoras de software com faturamento líquido de até R$ 20 milhões no último exercício social. A partir destes critérios, os empresários interessados precisam ter um projeto de software de alto nível. O objetivo é apoiar idéias de qualidade. Afinal, estamos tratando de capital de risco e, neste caso, seremos criteriosos na avaliação dos projetos. Será analisado do custo da idéia até a viabilidade mercadológica. Para ter acesso, basta procurar um dos núcleos SOFTEX, espalhados pelo país, e fazer a inscrição.
E.N - Neste programa quais são os itens financiáveis e qual o teto mínimo e máximo do qual cada empresa pode dispor?
E.R.F - O apoio financeiro está limitado a um mínimo de R$ 200 mil e máximo de R$ 2 milhões. Os empresários podem solicitar o financiamento para investimentos fixos, até mesmo para a compra de equipamentos nacionais e importados - quando não houver similar nacional. E, neste último caso, o financiamento inclui despesas de instalação e importação. O montante também é destinado a investimento em capacitação tecnológica, incluindo pesquisa e desenvolvimento de produtos, informatização e treinamento de pessoal, comercialização e marketing de produtos e serviços no país e no exterior.
E.N - De que maneira estão estabelecidas as condições operacionais?
E.R.F - O Prosoft prevê a carência de 02 anos e até 72 meses para o pagamento da dívida. O BNDES participa com até 85% do valor do projeto de cada empresa.
E.N - A falta de injeção de capital no setor de informática é uma reclamação constante entre os empresários do setor. A ausência do capital de risco se constitui num verdadeiro entrave ao desenvolvimento de qualquer empresa. Ciente de que esta fatia do mercado está sedenta por instituições financeiras que acreditem em seus negócios, por qual razão a vigência do Prosoft é de apenas seis meses?
E.R.F - Estamos tratando de capital de risco, onde o sucesso do negócio é a garantia que a instituição financeira tem para autorizar o financiamento. Assim, precisamos observar a reação do setor. Durante estes seis meses, que poderão ser prorrogados por mais seis, estaremos na fase piloto do Programa, quando observaremos a demanda e a qualidade dos projetos que chegarão às nossas mãos depois, é claro, do parecer da comissão de avaliação da SOFTEX, formada por consultores e representante do BNDES. Se a demanda e a qualidade justificarem poderemos ampliar o montante a ser financiado e implantarmos o programa de maneira definitiva.
E.N - De que maneira o BNDES irá capitalizar e acompanhar o desempenho das empresas nas quais a instituição está apostando?
E.R.F - Antes de assinar o contrato de operação com o BNDES as empresas deverão se transformar, caso não sejam, em Sociedades Anônimas. Desta forma, o BNDES terá a caução das ações. Ou seja, o BNDES tem o sucesso da empresa como a garantia do financiamento e para garantir o sucesso dos projetos, contaremos com auditores que irão acompanhar a execução das idéias aprovadas.
E.N - O senhor já arrisca algum palpite para o resultado do Prosoft?
E.R.F - Minhas perspectivas são extremamente otimistas. Acredito que teremos cerca de 50 operações em vigor nestes seis primeiros meses. Não faltam idéias de alto nível, projetos executáveis de grande potencial. O setor nacional de informática tem muito a oferecer e o quadro que mostra a falta de financiamento para esta fatia de mercado já está passando por mudanças significativas. Sem dúvida, teremos muito o que comemorar.