A televisão,
como os outros meios de comunicação de massa, segue a tendência mundial
do movimento de
convergência digital, que é a fusão entre os mercados de mídias e
Tecnologias da
Informação e Comunicação (TICs), através de um acelerado processo de
substituição de
suas plataformas
analógicas por plataformas e tecnologias
digitais
interoperáveis.
Onde e quando ocorre, a convergência digital provoca grandes mudanças
na cadeia de
produção e consumo de mídias. A título de exemplo, podemos dizer que a
produção de
filmes, jornais e software, que antes empregava processos
produtivos
diversos, tende
hoje a empregar a mesma gama de profissionais e atividades.
Transformações
similares ocorrerão também com a transição da TV analógica para a TV
digital
(BroadcastPapers, 2004a), que já está ocorrendo, em três ondas de impacto, que
ocorrerão
inclusive no Brasil.
A primeira onda
de impacto, já sentida internamente por várias redes de TV
brasileiras, é a
necessária substituição dos equipamentos de captura, edição e transmissão
interna de áudio
e vídeo analógicos, por similares digitais, visando melhoria da imagem e
som.
A segunda onda
de impacto, a ser sentida pelo conjunto da sociedade, é a
necessária
adoção de um padrão uniforme para codificação, transmissão, modulação,
difusão e
recepção digital de programas. No Brasil, este impacto é maior nos sistemas de
TV Digital
Terrestre (DTT – Digital Terrestrial Television), comumente usado nos
centros urbanos,
onde o maior desafio é a escolha técnica-econômica-social-política do
formato de
modulação de sinais (BroadcastPapers, 2004c). Está em discussão no país a
definição do
padrão a ser adotado para DTT, sendo as opções os padrões ATSC
(americano), DVB
(europeu), ISDB (japonês), além do padrão chinês que ainda está em
desenvolvimento.
Todos os padrões para o sistema de transmissão que estão sendo
avaliados
convergem com relação ao formato adotado para a codificação digital dos dados
a serem
transmitidos: o padrão ISO MPEG-2. Este padrão, que na realidade define não
uma, mas um
conjunto de normas, divide-se em MPEG Vídeo, MPEG Áudio e MPEG
Sistema. O MPEG
Vídeo define métodos para compressão e codificação de vídeo digital
com diferentes
expectativas de qualidade, dentre elas, SDTV (Standard
Digital
Television) e
HDTV (High Definition Digital Television). O MPEG Sistema define
formatos e
protocolos para montagem de pacotes para transmissão de fluxos elementares
multiplexados.
Os fluxos elementares transportam streams de vídeo, áudio ou dados.
Porém, a escolha
deste padrão, apesar de importante, representa apenas a ponta de um
iceberg,
pois, segundo a ABERT/SET, o impacto da escolha representa menos de 4% do
custo dos
aparelhos receptores, e se dá apenas sobre os equipamentos moduladores e
demoduladores no
conjunto de equipamentos das estações transmissoras e
retransmissoras,
onde segundo (CPqD, 2001), o país conta com pouco mais de 15 mil
estações
emissoras e retransmissoras, incluindo-se tanto as efetivamente em operação
quanto as
planejadas.
A terceira onda
de impacto da TVD, a ser sentida após a adoção do padrão de
DTT, é a
necessidade de desenvolvimento de novos modelos de negócios que (i)
estimulem a
população a investir em equipamentos de TV de nova geração, e (ii)
permitam às
redes obter retorno sobre os investimentos efetuados. No Brasil existem